A deputada Rosangela Moro (União-SP) realizou, nesta terça-feira (9), uma audiência pública na Comissão de Saúde para debater o aumento dos transtornos alimentares entre adolescentes e jovens. Na abertura da audiência, a deputada falou sobre os números alarmantes de casos no Brasil e no mundo.

“Um em cada cinco jovens de 6 a 18 anos apresenta desordem alimentar, de acordo com um estudo da Espanha. Aqui no Brasil, os dados também são alarmantes. Cerca de 10 milhões de pessoas possuem algum tipo de transtorno alimentar, segundo a OMS”, informou a deputada.

Entre os convidados da audiência estavam o psiquiatra, especialista em transtornos alimentares e professor do Departamento de Psiquiatria da USP, Táki Cordás; a médica psiquiatra, mestre e doutora pelo Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Unifesp, Mireille Almeida; a nutricionista, pós-graduada em transtornos alimentares pela Universidade de Fortaleza, Gabriela Fernandes; a nutricionista, doutora em endocrinologia pela Universidade de São Paulo (USP), Sophie Deram; a nutricionista graduada pela Universidade de Nova York, Manuela Arap; a médica psiquiatra, Maria Amália Pedrosa, membro da Comissão de Transtornos Alimentares da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP); e a representante do Ministério da Saúde, Márcia Aparecida Ferreira de Oliveira.

Para o médico psiquiatra, Táki Cordás, o transtorno alimentar deve ser conhecido e tratado da forma correta.

“Isto que nós estamos discutindo não é um defeito de caráter, não é uma fraqueza, não é uma perda de controle, não basta dizer ‘Porque você não come’. Nós recebemos, em média, oito pacientes novos no ambulatório todos os dias e já estamos acima da nossa capacidade”, alertou o Dr. Táki Cordás.

Maria Amália Pedrosa, membro da Comissão de Transtornos Alimentares da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), apresentou dados alarmantes.

“A taxa de acerto de diagnóstico de transtornos alimentares é menor que 40%, o que muito nos preocupa. Já no tratamento para anorexia, a taxa de acerto é de apenas 2,7%, sendo que a anorexia nervosa é o transtorno alimentar que mais mata no Brasil”, relatou Maria Amália.

Transtornos alimentares são condições psiquiátricas caracterizadas por alterações persistentes nas refeições ou em comportamentos relacionados aos hábitos alimentares. Incluem-se nesse grupo a anorexia e a bulimia. As nutricionistas Manuela Arap e Gabriela Fernandes sofreram de transtornos alimentares na adolescência e hoje trabalham para ajudar adolescentes e jovens que sofrem com esse problema.

Gabriela contou que não teve acesso ao diagnóstico e ao tratamento adequando.

“Eu vivi esse não acesso ao diagnóstico e não tive tratamento especializado na época. A minha remissão de sintomas foi muito mais intuitiva e, por isso, eu comecei a trabalhar na área e conheci a importância do tratamento interdisciplinar”, explicou.

Para Manuela, a realidade foi um pouco diferente. Quando descobriu ter transtorno alimentar, ela começou o tratamento com uma nutricionista especializada, em Nova York, nos Estados Unidos.

“Eu entrei na nutrição pela dor e não pelo amor. Comecei a fazer dietas restritivas aos 17 anos para perder peso e tinha uma grande insatisfação com o meu corpo. Fiz o tratamento com uma nutricionista especializada em transtorno alimentar e tive alta aos 19 anos. Foi quando decidi pela Faculdade de Nutrição para ajudar outras mulheres a abrirem mais os olhos para essa cultura da dieta, que pode ser tão prejudicial à nossa saúde”, afirmou Manuela.

No encerramento da audiência pública, a deputada Rosangela Moro falou sobre a necessidade da criação de políticas públicas que possam ajudar os jovens e adolescentes que possuem transtornos alimentares.

“Precisamos oferecer melhores condições de atendimento e tratamento adequado a esses jovens e, também, preparar as escolas para identificar os sinais de transtornos. Além disso, é fundamental capacitar os profissionais da área de saúde para fazer um diagnóstico rápido e um tratamento eficaz”, concluiu a deputada.

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